Liberar o aborto é um direito!

Sei que receberei inúmeras críticas devido à minha posição com relação à liberação do aborto, mas desde que sejam críticas construtivas aceitarei e debaterei em alto nível, entretanto, se aparecerem pessoas com caso de anencefalia me xingando ou destratando, o comentário será apagado e não me darei ao trabalho e responder.

Como já devem esperar, sou completamente favorável à legalização do aborto, e para isso vou mostrar os meus motivos:

Primeiramente, entendo que o aborto deve ser liberado no Brasil porque o estado é laico e deve proteger a população sem depender dos interesses religiosos.

Digo que os interesses religiosos influenciam muito no governo nacional, e por isso, até os dias atuais o aborto não foi liberado.

Acredito que a religião tem todo o direito de existir, mas não pode atrapalhar o livre arbítrio das pessoas, pois assim como há o direito das religiões de não sofrer interferências externas, há o direito das mulheres à livre disposição do próprio corpo.

O Estado brasileiro, segundo a Constituição de 1988 é um Estado Laico, e, portanto, não pode sofrer influências religiosas no seu governo, e deve decidir o que é ou não permitido com base no melhor interesse da população, e entre estes temas que representam o melhor interesse da população, a liberação do aborto está incluída.

Uma das questões colocadas referentes ao aborto, diz respeito ao fato de que a liberação do aborto seria o mesmo que assassinar uma criança gerada, mas pergunto, quando realmente surge a vida de uma pessoa? Será quando o espermatozóide penetra no óvulo? Será quando o embrião formado por espermatozóide e óvulo se fixa no útero da mulher? Será na masturbação em que o homem desperdiça espermatozóides que poderiam servir para criar novas vidas? Ou seria ainda quando os casais se utilizam de métodos anticoncepcionais que impedem a fecundação do óvulo ou a fixação do embrião na parede do útero.

Fica claro que identificar o momento em que surge a vida é bem complicado, e pode gerar muitas outras implicações em se tratando da descriminalização do aborto.

Mas não é somente a origem da vida que deve ser levada em consideração na hora de se decidir entre descriminalizar ou não o aborto, pois é necessário analisar todo o contexto social da família, a conformação social do país e quais são as conseqüências de se manter ou não a criminalização do aborto no Brasil.

É possível fazer esta análise se partindo da realidade social do Brasil e dos casos em que ocorrem os abortos atualmente.

A justiça vem autorizando abortos em casos de estupro, em casos de bebês anencéfalos e quando a gravidez causa risco de vida para a mãe, entretanto, para que se consiga isso é necessário entrar com processo judicial e o aborto ocorre depois do transcurso de vários meses.

Mas, e a situação da vida do Bebê, como fica? No caso de bebê anencéfalo, não há muita discussão, pois bebês nesta situação nascem e morrem logo em seguida ao parto, portanto o aborto é a melhor saída, e na minha opinião, não precisaria de ordem judicial para acontecer.

No caso de risco de vida para a mãe também não acredito que haja muita discussão, pois não se justifica a manutenção de um bebê que certamente irá ceifar a vida da mãe e, muito provavelmente a vida dele também.

Já no caso de aborto quando ocorre estupro, não há risco de vida para a mãe e nem para o bebê, mas a manutenção da vida do bebê pode causar ainda mais transtornos à vida dele, da mãe e da família dela, e portanto, o aborto deveria acontecer o mais breve possível, e a exigência de processo judicial é um transtorno desnecessário.

Mesmo nestes casos, os religiosos mais fanáticos, infelizmente, defendem a manutenção da vida do bebê acima de tudo, menosprezando a vida da mãe.

Mas o principal problema são as outras modalidades de aborto, em que as mulheres não têm direito assegurado pela justiça e nem pela lei para ceifar a vida do feto, nestes casos, a mãe não quer dar continuidade à vida do filho por uma série de motivos alheios aos interesses de governo, da igreja ou de qualquer outra pessoa que seja.

Entre os motivos dos abortos, existe a inviabilidade de criar os filhos, seja por problemas mentais ou financeiros, a falta de planejamento de um novo filho, ou até mesmo o fato de simplesmente não querer ter filhos. Todos estes motivos não podem ser ignorados pelo legislador e nem pela justiça brasileira, pois, dependendo da vontade da mulher, a gravidez não terá sequencia, seja a decisão de abortar legal ou ilegal.

O problema maior ocorre quando se proíbe o aborto, pois diante da negativa de apoio por parte do estado, muitas mulheres procuram os chamados “açougueiros” que fazer abortos sem qualquer cuidado e colocam e, muitas vezes acabam matando também a mãe da criança. Este é um problema enorme no Brasil, pois embora a mídia não divulgue muito, as mortes de mulheres por abortos ilegais no Brasil chegam aos milhares todos os anos, além de que grande parte das mulheres que abortam necessitarem de tratamentos urgentes em hospitais para que sua vida possa ser salva. Ou seja, o aborto, mesmo ilegal no Brasil, se tornou tema de saúde pública da população e deve ser tratado como tal e, portanto, descriminalizado.

Também existe o lado das mulheres que não abortam e largam os filhos no mundo por qualquer um dos motivos acima relacionados, isso faz com que estas crianças não tenham qualquer apoio da família, o que as levam a cair na criminalidade muito cedo, quando começam a roubar, usar drogas, e em grande parte das vezes chegam a matar.

Agora pergunto, vale a pena manter a vida de tantas crianças indesejadas que podem chegar a matar outras pessoas mais tarde devido ao abandono familiar e social? Acredito que não.

Vejam, não estou querendo generalizar e dizer que aconteça isto a todas as crianças que são fruto de gravidez indesejada, mas acredito que um número muito alto destas crianças caia na criminalidade, e que quando isso acontece, a igreja e o Estado viram as costas para elas.

Por isso acredito que é melhor autorizar o aborto e evitar que estas pessoas oriundas de gravidez indesejada possam ser marginalizadas mais tarde pelo Estado.

Notem que estou falando somente as pessoas mais pobres, pois as mulheres que tem maiores condições financeiras praticam aborto nas melhores clínicas fora do Brasil, pois em diversos países do mundo o Aborto não é crime e as mulheres podem dispor livremente do próprio corpo.

Resolvi trazer este debate para o "Tudo é importante" porque entendo que o Brasil é um país um tanto atrasado quando se diz respeito à interferência das religiões na política, pois os interesses religiosos são colocados acima dos interesses da população inteira e, com toda certeza, esta não é a melhor forma de se governar um país e muito menos de se tratar de um tema como a liberação do aborto.

Sei que poderia apresentar muitos outros motivos para a liberação do aborto no Brasil, mas por enquanto fico por aqui.

Aguardo comentários e críticas construtivas sobre o Aborto, mas desde que não sejam apenas falácias recheadas de religiosidade, pois entendo que a liberdade de expressão deve estar acima de interesses de uma ou de outra religião.

Se você não gostou e quer me agredir, faça um favor para nós dois, saia do meu Blog e não me encha o saco.

Agora se você for racional e quiser debater o tema sem baixaria sinta-se à vontade e vamos conversar civilizadamente sobre a liberação do aborto no Brasil.

W. Navarro