Viver num país em que a saúde
pública funciona, tendo atendimento de qualidade, sem filas para atendimento,
sem ter que esperar anos para um tratamento, sem tem que pagar imposto por
medicamentos.
Viver num país em que a educação
é de qualidade, em que os professores são respeitados e bem remunerados, um
país em que as escolas públicas tem estrutura e os professores trabalham por
prazer. Um país em que não existe motivo para pagar escola particular para os
filhos, pois a pública não deixa nada a desejar.
Viver num país em que criminosos
pagam pelos crimes, um país em que o crime não compensa. Um país em que a
polícia age realmente e que o poder judiciário é efetivo, combatendo impunidade
e aplicando a legislação seja contra quem for.
Viver num país em que o respeito
vem antes da crítica, em que o diferente é aceito, em que comportamentos não
são impostos.
Viver num país em que o dinheiro
dos impostos retorna para quem pagou e não fica 90% nas mãos dos corruptos.
Viver num país em que cada cidade
ou região tem o direito de escolher suas próprias leis, bem como a aplicação
dos recursos em prol da comunidade local.
Pois bem, este país é possível, e
por incrível que pareça, aqui mesmo no Brasil, mas este país não é o Brasil.
O Brasil como está é um país
continental, porém, dentro de seu imenso território coexistem inúmeros povos
diferentes, com culturas, climas e tradições, um país impossível de ser
governado por um único governo centralizado.
O Brasil como está é terreno
fértil para a corrupção, pois se trata de um país imenso cujo controle dos
impostos de 200 milhões de habitantes é feito num único lugar e a divisão
atende mais aos interesses dos governantes do que às necessidades e
reivindicações da população.
O sistema de governo brasileiro,
além de não atender aos anseios da população, foi arquitetado de forma errada,
pois quem tem o dinheiro (união) não sofre com as necessidades da população, e
quem está em contato direto com a população e com as dificuldades do dia a dia (municípios)
não tem o dinheiro.
Alguns diriam neste ponto, basta
mudar a forma de distribuição e administração do dinheiro.
Ouso discordar, pois não basta
apenas isso, já que este não é o único problema do país.
Como já dito, o Brasil é composto
de povos muito diferentes entre si, diferenças estas que se fazem evidentes em
todos os momentos, com união apenas em parte pela língua, pois até mesmo no
português falado numa ou noutra região é idêntico, situação vivenciada por em que este que escreve, já que teve dificuldades para entender o português falado no nordeste
brasileiro.
Diante de todo o exposto, creio
que a única forma de viver num país que de orgulho para seus habitantes
(orgulho maior que o futebol e o carnaval dão para alguns), seria a divisão do
Brasil de acordo com a vontade de seus diferentes povos.
Já existem em franco crescimento
vários movimentos separatistas com destaque para o movimento sulista, que visa
formar uma nova pátria nos atuais territórios do Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul.
Além deste movimento, que ao meu
ver é o maior, existem movimentos para separar São Paulo, Rio de Janeiro,
Pernambuco, Espírito Santo, Acre, Bahia, Mato Grosso do Sul e alguns outros que posso
não ter conhecimento.
Tantos movimentos só podem
traduzir uma coisa, a crescente insatisfação dos diferentes povos do Brasil com
o país que não lhes dá nada, pois só retira tudo o que pode por meio de
impostos, taxas, tarifas, e não dá nenhum retorno para os cidadãos.
Neste ponto é possível se
ressaltar que a insatisfação não é apenas tributária, mas sim generalizada,
pois eu não moro e não me identifico em nada com o “País do Carnaval”, sou
sulista e não gosto de Axé, Pagode, Carnaval, não torço para os times de
futebol de São Paulo ou do Rio de Janeiro, não gosto de calor, não me vejo
representado pela Seleção de Futebol do Brasil, não gosto do “jeitinho
Brasileiro”, se faço algo é bem feito.
Imagino que assim como eu
diversas outras pessoas não se veem representadas por esta caricatura de país
chamada de Brasil, não consigo imaginar um nordestino bem integrado à cultura
do Sul, assim como não vejo um sulista integrado plenamente à cultura do Norte
ou nordeste. Não vejo um sulista sequer integrado à cultura do Rio de Janeiro.
Mas as diferenças não param por
ai, pois o próprio sistema legal não é capaz de atender da mesma forma a todas
as regiões do Brasil, pois um comportamento criminoso não atende com igualdade
a um carioca ou paulistano e uma pessoa do interior de Minas Gerais, da Bahia,
do interior da Amazônia ou do Sul.
Não dá para comparar um
adolescente de 16 anos que cresce na favela entremeio a guerra de traficantes
com um adolescente de 16 anos que cresce numa cidade pacata com 4 ou 5 mil
habitantes, é óbvio que não podem ser tratados da mesma forma, mas o sistema
legal brasileiro é o mesmo para todas as situações descritas acima e a
população é tratada da mesma forma no Brasil.
Feitas todas estas colocações, reitero
meu posicionamento de que a única saída do Brasil é a permissão para que todos
os seus povos formem nações autônomas de acordo com a vontade de cada
população.
Só assim este gigante aglomerado
de povos permitirá que as pessoas que nele vivem por imposição possam se
realizar plenamente como cidadãos.
W. Navarro
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